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Parte 4 – Ativação comportamental: um convite à vida possível

  • Foto do escritor: Andressa Estauber
    Andressa Estauber
  • 4 de ago.
  • 3 min de leitura

Atualizado: 22 de ago.

Depois de entender os impactos da depressão na vida, os critérios diagnósticos e seus diferentes subtipos, é importante reforçar algo essencial: depressão tem tratamento.


A depressão altera o funcionamento do corpo, da mente e da vida.


E embora nem sempre pareça possível sair desse estado, há caminhos terapêuticos que ajudam a reativar o organismo, o desejo e o movimento.


Entre esses caminhos, a ativação comportamental tem se consolidado como uma das intervenções mais efetivas no tratamento da depressão.


O que é ativação comportamental?


A ativação comportamental é uma abordagem psicoterapêutica baseada em evidências que propõe reconstruir o vínculo da pessoa com atividades que gerem prazer ou valor, mesmo que, no início, o desejo esteja ausente.


Ela parte da observação de que, na depressão, há um padrão de evitação progressiva.


A pessoa começa a evitar o que é estressante, depois o que exige energia, depois o que já não dá prazer… até que resta apenas o essencial para sobreviver.


E muitas vezes, nem isso.


A proposta da ativação comportamental é exatamente o oposto: retomar, aos poucos, aquilo que é significativo para a pessoa, mesmo que a vontade ainda não tenha voltado.


Não se trata de forçar produtividade nem de incentivar otimismo superficial.


A ideia é resgatar, com cuidado e estratégia, comportamentos que possam reconstruir o repertório, contexto e restabelecer conexão com a vida.


Por que escolher esse tratamento?


Um dos principais objetivos da ativação comportamental é ajudar o paciente a identificar padrões passivos que foram se instalando com o tempo, mesmo de forma involuntária.


Um padrão passivo é quando a vida vai perdendo movimento.


A pessoa deixa de fazer o que gostava, o que precisa, o que importa.


Alguns exemplos: ficar na cama o dia todo, pular refeições, deixar de responder mensagens (até de quem ama), evitar sair de casa, se afastar do trabalho, dos estudos, das pessoas.


Esse é o ciclo da passividade: quanto mais se evita, mais reforçamos o ciclo do medo, da lentificação e do isolamento.


E mais difícil parece sair.


O planejamento da ativação comportamental busca justamente romper esse ciclo.


A ativação não ignora esse sofrimento, mas propõe que a pessoa possa voltar a se mover na vida, com pequenos passos, dentro do que for possível.


Nem sempre será pelo prazer imediato.


Às vezes será pela reconexão com valores.


Pelo senso de realização.


Pelo pequeno movimento que mostra que ainda existe uma escolha possível, mesmo que difícil.


O engajamento comportamental, é o coração da ativação, e está presente de forma personalizada, flexível, respeitando o repertório, os contextos e as preferências individuais.


A ativação comportamental parte do princípio de que agir, mesmo sem vontade, pode ser terapêutico. Desde que as ações estejam alinhadas a valores e feitas com respeito aos limites atuais.


É um caminho possível. E ele funciona.


A ativação comportamental é um tratamento focado em planejar e retomar atividades potencialmente prazerosas, realizadoras, satisfatórias, que produzam, ainda que minimamente, uma sensação de dever cumprido.


A ideia não é cobrar desempenho, mas ajudar a pessoa a reconstruir vínculos com aquilo que dá sentido à sua vida.


E ao longo do processo, muitos vão relatando pequenas mudanças.


Mais energia, mais clareza, mais presença no dia.


É uma proposta simples, mas profundamente estruturada.


Baseada em evidências e desenhada para o funcionamento real de quem sofre com a depressão.


É um convite à vida, à ação possível, à reconstrução do desejo.


E chegamos ao fim da nossa série sobre depressão


Obrigada por ter chegado até aqui.


Espero, de verdade, que essa leitura tenha sido um começo, um passo na direção de mais clareza, cuidado e acolhimento.


E te lembrar que a depressão não é o teu normal. Ela baixa o teu potencial.


Tu tem direito de reencontrar o teu jeito de estar no mundo.


E eu espero que esse conteúdo tenha contribuído para que tu encontre caminhos possíveis e profissionais éticos, humanos, preparados para te acompanhar.


E, acima de tudo, que tu não desista de cuidar de ti.



 
 
 

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