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Emaranhamento: quando o amor perde a forma

  • Foto do escritor: Andressa Estauber
    Andressa Estauber
  • 13 de out.
  • 2 min de leitura

Fronteiras são a arte de permanecer inteiro mesmo quando o outro chega


Tem gente que acredita que amar é estar sempre junto.

Mas às vezes, o que chamamos de amor se confunde com a dificuldade de se separar.


O emaranhamento nasce desse lugar: da confusão entre cuidado e fusão.

É quando o vínculo deixa de ser encontro e vira mistura.


Quando o limite que protege passa a ser visto como a ameaça de deixar de existir.

Minha identidade fica em risco, e eu passo a viver com medo de desaparecer dentro do outro.


Fronteiras: o espaço onde dois podem existir


Fronteira não é muro.

É o espaço onde eu posso me encontrar contigo sem deixar de ser quem eu sou.


As fronteiras saudáveis sustentam relações seguras porque dão contorno e direção.

Elas têm três pilares:


Clareza. Cada um sabe o que esperar do outro.

Respeito mútuo. As necessidades de ambos importam.

Consistência. O vínculo não muda conforme o humor do dia.


Esses três elementos constroem uma sensação de previsibilidade, e é essa previsibilidade que permite relaxar dentro de uma relação.


Quando o amor vem sem limite


Quando crescemos em ambientes onde as fronteiras não são respeitadas, aprendemos que cuidar é sinônimo de se anular.

A criança que precisou acalmar o adulto, agradar para não ser rejeitada, adaptar-se para ser aceita, leva esse padrão pra vida.


Ela se torna o adulto que sente culpa por dizer não.

Que tenta adivinhar o que o outro precisa.

Que se mede pelo quanto agrada.

Que cuida, mas não sabe receber.


É o que chamamos de self subdesenvolvido:

um eu que cresceu moldado pelo medo de perder o amor.

Um eu que existe em função do outro.


O limite que acolhe


Limites não afastam. Sustentam.

Eles são o vaso onde a planta pode crescer com saúde.

Quando apertam demais, sufocam.

Quando faltam, a raiz se perde.


Um limite saudável é o espaço onde o amor respira.

Onde posso te ver e ainda me ver.


Na terapia


No trabalho terapêutico, o desafio é reconstruir esse equilíbrio:

criar um vínculo que acolhe, mas não engole.

Um espaço de sintonia com contorno, de afeto com autonomia.


O cuidado reparador acontece quando o terapeuta oferece presença e limite ao mesmo tempo.

Quando ensina, na prática, que é possível ser amado sem desaparecer.


Reaprender a ocupar o próprio lugar


Curar o emaranhamento é aprender a estar em relação sem perder a si.

É descobrir que dizer “não” não destrói o amor, mas o preserva.

É poder se aproximar sem medo de ser engolido, e se afastar sem medo de ser esquecido.


No fim, fronteiras não são distância.

São o contorno do encontro.

É nelas que o amor encontra espaço pra respirar, crescer e permanecer.


“Fronteiras não servem para afastar, mas para proteger o espaço onde o amor pode continuar existindo.”

 
 
 

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