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Parte 3 — Subtipos de depressão: entender para cuidar melhor

  • Foto do escritor: Andressa Estauber
    Andressa Estauber
  • 28 de jul.
  • 3 min de leitura

Atualizado: 22 de ago.

Uma pessoa com depressão não sente que a vida vale a pena.

Esse é um ponto crucial para compreender a gravidade da doença.


Identificar a depressão é o primeiro passo para tratar. E tratar é, em muitos casos, preservar a vida.


O pressuposto de qualquer psicólogo deve ser esse: zelar pela vida do paciente e cuidar da integridade da existência daquela pessoa.


E para isso, precisamos reconhecer os sinais com clareza.


A depressão tem tratamento. A psicoterapia baseada em evidências e, quando necessário, o uso de medicação, podem ajudar a reverter esse curso de sofrimento.


Hoje, uma das abordagens de primeira linha para o tratamento da depressão é a ativação comportamental, que foca em restaurar o funcionamento da vida por meio de ações e retomada gradual de atividades significativas.


Mas para cuidar bem, é preciso conhecer também as diferentes manifestações da depressão. Abaixo, trago alguns dos subtipos mais comuns, para que possamos olhar com mais precisão e empatia para cada um deles.


Depressão melancólica


A melancolia é um dos subtipos mais graves.


Ela costuma vir acompanhada de:


  • Sentimento de culpa intenso, muitas vezes irracional (e até mesmo por ter a doença)


  • Insônia severa e persistente


  • Humor muito pior nas primeiras horas do dia


  • Dificuldade para adormecer ou sono interrompido por pensamentos recorrentes


  • Sensação de cansaço mesmo após dormir


  • Falta de apetite e perda de peso


Esse tipo de depressão traz uma lentificação geral: do pensamento, do corpo, da fala.


A pessoa sente como se estivesse travada, paralisada, sem energia física ou emocional para reagir.


O sofrimento é profundo e muitas vezes silencioso.


Depressão atípica


Ao contrário da melancólica, a depressão atípica não parece “tão depressiva” à primeira vista. Mas é tão séria quanto.


Alguns sinais:


  • Sono em excesso (hipersonia)


  • Aumento do apetite, com busca por alimentos hipercalóricos


  • Fadiga intensa, quase paralisante


  • Ganho de peso frequente


  • Reatividade emocional (às vezes a pessoa até sorri, mas se sente esgotada por dentro)


Uma atenção especial: esse tipo de depressão pode aparecer em pessoas com transtorno bipolar, como parte da fase depressiva.


Por isso, o acompanhamento psiquiátrico é indispensável, para avaliar o padrão dos sintomas, o histórico da pessoa e a possibilidade de oscilações de humor futuras.


Distimia (transtorno depressivo persistente)


A distimia é uma forma de depressão crônica.


A pessoa vive constantemente para baixo, com humor deprimido por dois anos ou mais, sem passar mais de dois meses seguidos sem sintomas.


Os sinais mais comuns:


  • Irritabilidade constante


  • Isolamento social


  • Baixa energia


  • Pouco interesse geral


  • Funcionamento mínimo mantido, mas sempre com sofrimento


Quem convive com a distimia costuma ser visto como “mal-humorado”, “azedo”, “ranzinza”.


Mas, na verdade, está sofrendo e há muito tempo.


Essa pessoa pode funcionar, trabalhar, cumprir tarefas. Mas está exausta de viver em estado de desânimo crônico.


E o mais difícil: muitas vezes não há grande resposta à medicação ou à psicoterapia convencional. Por isso, intervenções mais específicas e um vínculo terapêutico cuidadoso fazem tanta diferença.


Por que tudo isso importa?


Porque depressão não é tudo igual.


Existem nuances, intensidades, manifestações diferentes.


E quando a gente conhece melhor, a gente cuida melhor.


Essa é uma doença que precisa ser tratada com seriedade e com responsabilidade.


Como profissionais, nosso compromisso é com a vida.


E como sociedade, nosso dever é escutar com mais empatia e menos julgamento.


Falar sobre os subtipos da depressão é também abrir espaço para que mais pessoas possam se reconhecer e buscar ajuda.


A depressão tem tratamento. Vamos falar sobre os caminhos possíveis para o cuidado?


 
 
 

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